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Eu Exijo Respeito!

Ser professor ou mesmo profissional de outras áreas como medicina ou direito, por exemplo, num mundo nivelado pelos novos Drs. Googles, Drs. Yahoo, e tantos outros mecanismos desta geração, constitui um desafio.

South American June 27, 2018

“Por que vocês estavam me procurando por aí? Não sabiam que me convinha cuidar dos negócios de meu Pai?” (Lucas 2:49)

Uma das dificuldades crescentes que tenho observado como professor nesta geração do século 21, fruto em parte, do imediatismo resultante do acesso fácil à informação, e se potencializa pelo nivelamento de conhecimento primário produzido por esta mesma facilidade, é a arrogância do “eu sei” (na maioria das vezes “acho que sei”). Ser professor ou mesmo profissional de outras áreas como medicina ou direito, por exemplo, num mundo nivelado pelos novos Drs. Googles, Drs. Yahoo, e tantos outros mecanismos desta geração, constitui um desafio.

Ao completar 12 anos de idade, José e Maria conduzem Jesus ao templo para as comemorações da Páscoa. Após as festividades, iniciam sua jornada de retorno, quando, a certa altura, se dão conta de que “alguém” ficou para trás. Depois de três dias de uma busca desesperada, para sua surpresa, encontram o menino calmamente sentado no templo “batendo papo” com um grupo de professores (Doutores da Lei). Então Maria fala a seu filho: “Filho! Porque você fez isso conosco? Eu e seu pai estávamos desesperados, procurando você por toda a parte?” (Lucas 2:48)

Existe algo mais profundo e maravilhoso a ser aprendido desse episódio de Jesus no Templo. Mas o que poderia justificar essa atitude aparentemente ríspida de Cristo ao responder aos seus pais com tamanha frieza? Teria Jesus desrespeitado aos seus pais por ter permanecido no templo?

A resposta de Cristo soa diferente quando entendemos que a pergunta real é: Porque vocês estavam me procurando por aí? Vocês não me ensinaram que esta é a casa de meu Pai? Em que outro lugar eu poderia estar? Essa história esconde a primeira e maior lição sobre respeito: Para que possamos respeitar alguém ou alguma coisa, precisamos ter muito clara a noção de quem somos, a quem pertencemos, de onde viemos, qual é nosso lugar, papel, função. Respeito é fruto da percepção de quem somos, e de que somos livres. Respeito nasce da confiança, da transparência, da dignidade.

Esqueçamos por um pouco de tempo esta cena, e olhemos para outra que de vez em quando acontece com algumas crianças pequenas que se perdem no supermercado. É interessante que não raras vezes, quando pais e criança se encontram, o que ouvimos é uma bronca: “Pai, mãe, por que vocês me perderam?”.

Segundo o dicionário respeitar é tratar com respeito, ter consideração, acatar, tratar segundo os preceitos da moral ou da urbanidade, cumprir, observar, seguir, honrar, reverenciar, não causar dano, poupar, recear, temer.  Mas respeitar também é fazer-se respeitado, impor-se ao respeito dos outros.

A culpa que o pecado nos impõe, desloca nossa atenção da responsabilidade real, e tentamos transferi-la a outra pessoa. Foi assim no Éden: “A mulher que Tu me destes… A serpente me enganou…” Não há maior falta de respeito do que tentar atribuir a outros as responsabilidades que nos competem. A grande lição é que: respeito, em primeiro lugar, se dá, em segundo lugar, como conseqüência, é que se pode receber.


Nota: Artigo escrito e postado em Português.

Author

Moisés Sanches Junior

Moisés Lopes Sanches Junior é PhD em Educação Especial pela Universidade Estadual de Campinas, Brasil. É graduado em Pedagogia e Teologia pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo. Atua como assessor técnico do Departamento de Educação da União Central Brasileira. É professor nos cursos de Pedagogia, Publicidade e Propaganda e Educação Física do Centro Universitário Adventista de São Paulo - campus Hortolândia.

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