PAAEB: Construindo uma cultura de avaliação

No caso das avaliações educacionais em larga escala, seus resultados sinalizam a necessidade de um planejamento do trabalho pedagógico.

Assessment and Evaluation August 1, 2018

Em um post anterior tentei responder, em termos gerais, à pergunta “por que avaliar” (publicado em espanhol), fazendo uma analogia entre um diretor de uma escola e um piloto de avião. No caso das avaliações educacionais em larga escala, como explica Rabelo (2013), seus resultados sinalizam a necessidade de um planejamento do trabalho pedagógico, “buscando desenvolver metodologias e recursos pertinentes para alcançar os objetivos pretendidos com a educação de qualidade em todos os níveis”. Sem a avaliação, “é impossível formar percepções do processo educacional e da influência da ação educativa da escola-família-comunidade-aluno e professor” (Vianna, 2005). Em resumo, avaliamos porque precisamos verificar se estamos cumprindo os objetivos.

O Programa Adventista de Avaliação da Educação Básica – PAAEB (ou Programa Adventista de Evaluación Educativa– PAEE, como ele é conhecido nos sete países hispanos da divisão) é um projeto desenvolvido pelo Departamento de Educação da Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ele começou no ano 2012 e foi criado com o objetivo de retratar a realidade da qualidade acadêmica das unidades educativas do nível básico, através de informações que possam incentivar a adoção de medidas que promovam o crescimento da Rede Educacional Adventista.

No início, participaram apenas instituições pertencentes às oito regiões administrativas da Igreja Adventista do Brasil (conhecidas como uniões). Já no ano 2015 o projeto foi estendido aos outros sete países (Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai) e as oito uniões que compõem a Divisão Sul-Americana. No total, mais de 550 escolas e colégios participam anualmente nas diferentes avaliações desenvolvidas pela equipe do PAAEB, hoje composto por quatro professionais que se complementam para cumprir os objetivos do programa.

As avaliações incluem provas cognitivas nas áreas de matemática (foco na resolução de problemas) e língua (foco na leitura e interpretação), para alunos do 5º e 9º ano de Ensino Fundamental (EF). As mesmas áreas, além de Geografia, História, Física, Química e Biologia, são parte da avaliação cognitiva dos alunos do 2º ano de Ensino Médio.Para a análise dos resultados dessas avaliações é utilizada a teoria de resposta ao item (TRI) a que entre outras coisas, garante a possibilidade de comparar resultados entre provas aplicadas em anos diferentes e com alunos diferentes.

Desde 2015 foi acrescentado um teste de pensamento crítico para alunos de 5º ano do EF. O exame, baseado no teste Cornell, avalia quatro habilidades do pensamento crítico, a saber, credibilidade e observação, suposição, dedução e indução. A través de uma história de ficção e perguntas de múltipla escolha, os estudantes são confrontados com diferentes situações que levam eles a demonstrar suas habilidades de pensamento crítico.

​O programa também aplica questionários contextuais. Inicialmente foram feitos questionários apenas para os alunos que faziam a prova cognitiva e para os professores das séries avaliadas. Hoje, no entanto, além de incluir na pesquisa a todos os professores do Ensino Básico, são feitos questionários específicos para diretores, para coordenadores pedagógicos e para orientadores de todas as unidades escolares da DSA. As respostas desses questionários contextuais—com frequência em forma de indicadores—são muito úteis ao tentar explicar a variação dos resultados nos testes cognitivos.

​Os resultados são sempre devolvidos para às uniões e até às escolas. Uma primeira devolutiva é feita pelo próprio sistema de informação do programa. Cada usuário autorizado pode procurar os resultados de sua entidade no sistema. Porém, um retorno mais específico, detalhado e profundo dos resultados de todas as avaliações é feito através de consultorias da equipe do PAAEB às uniões. Durante esses encontros são feitos treinamentos, mas principalmente, são discutidas estratégias de melhora para os desafios que possam ter sido detectados.

Para saber mais sobre o assunto: 

Rabelo, M. (2013). Avaliação Educacional: fundamentos, metodologia e aplicações no contexto brasileiro. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática.

Vianna, H. M. (2005). Fundamentos de um programa de Avaliação Educacional. Brasília: Liber Livro Editora Ltda.

Teste Cornell de Pensamento Crítico – https://www.tests.com/Cornell-Critical-Thinking-Testing

Teoria de Resposta ao Item – https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_de_resposta_ao_item


Nota: Artigo escrito e postado em Português.

Author

Roy Mayr

PhD in Business, Engenheiro Informático e Bacharel em Ciências da Engenharia. Serve atualmente como assistente para projetos especiais do Departamento de Educação da Divisão Sul-Americana, sediada no Brasil. Serviu por 19 anos na área de tecnologia em instituições de educação superior na Argentina, Chile e Filipinas.

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