Como ajudar alunos com processamento auditivo alterado

Como educadores precisamos temer o erro de taxar nossos alunos. É preciso um olhar mais atencioso e humanizado. . As educators, we must fear the error of taxing our students. We need a more attentive and humane look.

South American November 25, 2020

Há alguns anos tive uma aluna no 5° ano que era rotulada de preguiçosa pela família. Tentei convencê-los do contrário com argumentos e dados de pesquisas de especialistas, mas todo esforço foi em vão.

A menina mudou-se de colégio, reprovou uma vez o 6° ano e duas vezes o 7° ano. Ao retornar ao colégio, foi minha aluna novamente agora no 8° ano. Os pais agora mais sensíveis aceitaram procurar ajuda e realizaram o exame do Processamento Auditivo Central. Foi detectado uma dificuldade no processamento auditivo e após o tratamento ela conseguiu aprender estratégias para estudar e se concentrar.

Sempre penso nos anos de sofrimento dessa menina e o quanto isso abalou sua autoestima. Ela não era preguiçosa. Ela tinha uma dificuldade. Como educadores precisamos temer o erro de taxar nossos alunos. É preciso um olhar mais atencioso e humanizado.

Quando detecto alguma dificuldade em sala ou no consultório onde atendo a primeira providência que solicito aos pais ou responsáveis é o exame do Processamento Auditivo Central. Mesmo que seja apenas para descartar a desconfiança. Tive um aluno que costumava me perguntar se eu falava inglês, pois ele não entendia nada. Era até engraçado, mas eu sabia do sofrimento dele.

Como podemos identificar um aluno com o processamento auditivo alterado em sala de aula?

  • O aluno parece estar distraído a maioria do tempo;
  • O aluno pode ou não ter seu rendimento escolar comprometido;
  • O aluno com frequência pergunta o que o professor acabou de falar;
  • O aluno fica agitado com vários barulhos simultâneos.

Essas são as primeiras observações a serem feitas pelo professor. Porém qual a intervenção que pode ser aplicada em sala de aula?

Primeiramente falar de frente para o aluno. Imagina a cena: o aluno X tentando prestar atenção na explicação do professor com o barulho do ventilador ligado, do amigo o chamando, dos colegas conversando no fundo, das crianças pequenas brincando do lado de fora e o professor falando de costas para ele. É um desafio muito grande para o aluno com processamento auditivo alterado. O déficit de atenção é eminente. Ele certamente perde informações importantes da fala do professor e consequentemente terá um mau rendimento na aula.

Além disso, o aluno precisa ser encaminhado ao tratamento com uma fonoaudióloga, se possível, especialista em Processamento Auditivo Central. Ela vai treinar esse aluno e ajudá-lo a criar estratégias para se concentrar.

Há casos em que será necessário esse aluno fazer as avaliações num ambiente tranquilo fora da sala de aula, de acordo com as orientações da fonoaudióloga. Vale ressaltar que quanto mais cedo for detectado e iniciado o tratamento, mais cedo a criança apresentará melhoras em seu desenvolvimento geral.

Author

Gleice Ross

Atua como professora no Colégio Adventista de Juiz de Fora, Brasil, há 21 anos. Atualmente é professora do 1⁰ ano do Ensino Fundamental. Graduada em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), pós-graduada em História do Brasil, em Gestão Educacional, em Psicopedagogia, em Gestão, Coordenação e Orientação Escolar, em Neuropsicopedagogia onde atende crianças, em consultório e estudante de Psicologia.

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