Na minha primeira semana de estágio em sala de aula, com alunos entre 4 e 5 anos, passei por um momento desesperador. Minha colega de estágio estava fora da sala de aula, conversando com a professora regente, quando um menino começou a gritar e bater a cabeça na parede. Minha reação? Desespero, com certeza! Além dele, tínhamos mais 11 crianças ali. Não sabia se cuidava das outras crianças, se dava a minha atenção ao menino ou se deixava todos ali e chamava auxílio. No final da história, fiquei parada por uns três minutos, sem saber o que fazer, até que a professora regente voltou.
Naquele momento eu descobri o que era, na prática, a sensibilidade sonora. Ao ouvir música, instrumentos musicais e vozes cantando a criança entrava em crise, podendo apresentar diversas reações. Achei interessante o assunto e resolvi pesquisar e entender o que era e como lidar, pois não queria passar por aquela experiência novamente. Foi ali que conheci o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e desde então tenho atuado na área.
Pesquisas apontam que a cada 44 crianças nascidas, um está dentro do espectro autista. Isso nos mostra a urgência em entender o que é e como lidar com elas em sala de aula, afinal, segundo a lei de nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, é direito da criança e adolescente dentro do espectro estudar em escola regular.
Na prática, estas são as características e comportamentos de uma criança autista:
- Dificuldade na socialização: pode ocorrer nenhuma ou pouca interação social e até mesmo uma interação disfuncional. Por exemplo, quando todos estão brincando de esconde-esconde e a criança autista fica somente correndo entre eles;
- Linguagem verbal: a maioria das crianças com autismo apresenta dificuldades na linguagem verbal e pode não falar, falar com dificuldade, falar sem função ou até mesmo falar muito e com vocabulário elevado, usando palavras difíceis;
- Movimentos repetitivos: facilmente percebemos a estereotipia – movimentos repetitivos que podem ser linguísticos, motores e até de postura. Como exemplo temos: balançar os braços (flappings) e correr em movimentos circulares, entre outros;
- Sensibilidades: podem ocorrer de forma sensorial e sonora. Percebemos quando a criança fica irritada com algum barulho, com uma roupa que está usando ou com luzes diferentes.
É importante saber qual é o nível de suporte da criança, informado pelo médico responsável ou terapeuta:
- Nível 1: necessidade de pouco apoio;
- Nível 2: necessidade moderada de apoio;
- Nível 3: muita necessidade de apoio substancial.
Em todos os níveis as crianças são capazes de aprender e se desenvolver, tendo uma boa equipe multidisciplinar (família, terapias e escola), e nosso papel é fazer o possível para obter os melhores resultados.
Você tem ou teve algum aluno diagnosticado com autismo? Coloque nos comentários sua experiência para juntos conversarmos mais sobre isso!
A Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2008 marcou o mês de abril pela cor azul com a intenção de dar visibilidade ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). Assim, durante as próximas quartas-feiras teremos a continuação da série de artigos sobre o tema iniciada hoje. Não deixe de acompanhar!
1 comments
Sou mediadora meu aluno tem autismo nível moderado a avançado, TDAH com impulsividade, alergia e seletividade alimentar, ainda não presenciei uma crise. Mas se isso acontecer o que fazer a principio?