Com frequência me deparo com uma charge onde o médico informa ao paciente enfermo que ele tem chances de continuar vivo, mas para isso é necessário mudar hábitos e fazer terapias. O paciente, aparentemente triste, responde ao médico: “que pena, vou morrer!” Sempre que vejo essa sátira, me vem à mente como, infelizmente, preferimos o uso de medicação a mudar hábitos e buscar auxílio terapêutico.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) não é uma doença, no entanto é comum que os pais solicitem medicamentos ao médico imaginando ser a forma mais rápida e fácil de intervir. A principal intervenção no autismo é a terapia. No entanto, o uso medicamentoso também pode ser transcrito pelos profissionais para auxiliar em três aspectos, sendo eles:
- Reduzir sintomas autísticos da criança, como estereotipias, agressividade, irritabilidade, hiperatividade, entre outros.
- Melhorar as comorbidades que normalmente se acoplam, como distúrbios do sono e alimentares, atitudes opositivas desafiadoras, fobias sociais, etc.
- Aumentar a atenção e concentração, comuns em crianças que apresentam dificuldades na aprendizagem escolar.
O uso de medicações pode ser solicitado pelo médico, mas é importante ressaltar que o principal meio de alcançar evoluções significativas no desenvolvimento é através das terapias. Hoje as evidências científicas apontam que a Ciência ABA, traduzida ao português como Análise do Comportamento Aplicada, é a abordagem mais eficaz.
Você pode estar se perguntando: afinal, como fazer isso? Através de jogos, brincadeiras, materiais visuais, músicas, animais de estimação, esportes, objetos sensoriais, entre muitos outros, o terapeuta comportamental ensina, guia e ajuda a criança a desenvolver os comportamentos ou habilidades necessárias.
A utilização de reforçadores positivos é de extrema importância para o sucesso dessa abordagem. Vale enfatizar que a terapia baseada na ciência ABA é lúdica, trazendo benefícios através de reforços positivos, sem forçar a criança a fazer atividades densas e desinteressantes.
Os profissionais que podem somar no desenvolvimento da criança que está dentro do espectro são:
- Psicólogo: treina comportamentos e habilidades gerais, utilizando os meios apresentados acima;
- Fonoaudiólogo: atua no desenvolvimento da linguagem funcional, auxiliando na melhora da interação social;
- Terapeuta Ocupacional: melhora as habilidades para que a criança seja mais independente nas atividades de vida diária;
- Musicoterapeuta: através da música e seus elementos auxilia no desenvolvimento cognitivo da criança;
- Psicomotricista: desenvolve as habilidades físicas através do movimento, utilizando alongamentos, jogos e esportes;
- Psicopedagogo: busca a melhora da aprendizagem como um todo, auxiliando no desenvolvimento cognitivo da criança;
- Fisioterapeuta: traz diversos benefícios sensório-motores, desenvolvendo a estrutura física.
Quando a criança é acompanhada por um médico especialista, utiliza a medicação correta, caso seja prescrita, e faz as terapias com equipe multidisciplinar, seu desenvolvimento alcança o esperado para a idade com mais estabilidade e rapidez. Lembre-se que não existe desenvolvimento harmônico sem intervenção terapêutica. Incentive as crianças da sua comunidade a seguirem as orientações profissionais para o seu melhor desenvolvimento físico e cognitivo.
Este artigo é o terceiro de uma série de seis. Leia os demais artigos da série: