Você já viveu um dia inteiro sem qualquer planejamento? Lembra-se de como, possivelmente, foi difícil se organizar e otimizar o tempo? Dias que começam assim, podem terminar com uma sensação de improdutividade.
Anotar as tarefas, elencar as prioridades e estabelecer metas pessoais é um bom começo para que tudo dê certo.
Pois é, no contexto educacional acontece a mesma coisa. Caso não tenhamos claro quais são nossas metas, podemos nos perder e pegar algum atalho que nos leve a qualquer lugar, menos onde gostaríamos de chegar.
Vamos refletir, então, sobre o que é planejamento no âmbito educacional?
Planejar significa refletir sobre questões essenciais do projeto ensino-aprendizagem, como os conhecimentos imprescindíveis, a relação entre os temas que serão estudados, a conexão existente entre os diversos campos de estudo, a relação entre as partes e o todo.
Essa reflexão do docente é o primeiro passo para um planejamento bem-sucedido. Permitirá que se cumpra sua função pedagógica de favorecer ao estudante a compreensão das questões essenciais da disciplina e aplicar tais compreensões na solução de problemas sociais de sua realidade, rompendo com o ensino fragmentado e desarticulado do mundo real.
A compreensão envolve questões muito mais amplas do que saber determinado conceito que, para Dewey (1933, p. 137, 146), envolve a condição de estabelecer relações com outros contextos, inferindo causas e consequências. Ao tratar sobre essa questão, Bloom (1956, p. 18) define compreensão como a habilidade de utilizar os fatos de maneira inteligente, sendo capaz de realizar a aplicação, a análise, a síntese e a avaliação de tais fatos. Ou seja, um planejamento que visa à compreensão tem como propósito tornar o aluno apto a transferir o conhecimento e as habilidades a outras situações.
A capacidade de exercer a transferibilidade é fundamental, dado que o professor não seria capaz de oferecer ideias, fatos e exemplos que contemplem todos os contextos, nem os educandos capazes de absorver todos esses dados e informações. Desse modo, ajudá-los a transferir a aprendizagem construída para outras situações e a mobilizar tal conhecimento para resolver problemas do mundo real é a solução para desenvolver a autonomia intelectual do discente.
O planejamento deve ter como foco promover a compreensão de modo abrangente e incluir elementos suficientes para impactar todos os educandos. Isto é, envolver os estudantes engajados, os desmotivados, os mais imaturos intelectualmente e os que apresentam estilos diversos de aprendizagem.
Referências Bibliográficas
BLOOM, B. S. (ed.). Taxonomy of educational objectives: Classification of educational goals. Handbook 1: Cognitive domain. New York: Longman, Green & Co, 1956.
DEWEY, J. How we think: A restatement of the relation of reflective thinking to the educative process. Boston: Henry Holt, 1933.
