Photo: Pixabay
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Ensino Inclusivo de Qualidade

É o significado da Inclusão realmente compreendido? Estarão nossas escolas prontas para administrar as diferenças como requerem as leis e, acima de tudo, o plano divino?

South American January 3, 2018

Um menino sofria de sérios distúrbios de aprendizagem em leitura e escrita. Após algumas análises veio o resultado: Dislexia. Seus pais, ambos médicos, estavam muito preocupados pois as escolas que a criança frequentara até então, não sabiam como lidar com esse quadro. Seu comportamento era visto como inadequado e seu Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), insuportável.

Encaminhei a criança para colégio adventista na esperança de poder encontrar um ambiente mais acolhedor, com um nível mais adequado de interesse e dedicação. Com alguma orientação e boa vontade, a escola acolheu a criança com carinho, dando início a uma longa e lenta trajetória de intervenção individual e especializada que abriram as portas ao sucesso. A dislexia continua no caminho, mas o amor e a educação cristã unidos ao apoio dos pais e ao interesse do aluno fizeram toda a diferença.

É o significado da Inclusão realmente compreendido? Estarão nossas escolas prontas para administrar as diferenças como requerem as leis e, acima de tudo, o plano divino? Nesta série de três artigos analisaremos o sentido da inclusão escolar de qualidade e algumas maneiras de colocá-la em prática em algumas situações específicas.

Inclusão não É…

Ao ministrar um curso de Facilitação da Aprendizagem alguns anos atrás, visitei uma escola municipal. Numa das classes a professora, na melhor das intenções, dividiu sua turma em dois grupos: os “lentos”, e os “espertos”. Segundo ela, isto facilitaria na hora de ensinar e atender as necessidades das crianças. Seria isto inclusão?

O que não é inclusão:

  • Afastar quem aprende dos que não aprendem;
  • Dar atividades apenas para distrair os que não conseguem acompanhar os colegas ou que são rápidos demais;
  • Mandar para fora da classe o aluno que dá trabalho;
  • Chamar os pais sempre que o aluno se comporta inadequadamente;
  • Agredir verbalmente o aluno inquieto;
  • Humilhar o aluno que não consegue acertar, etc.

Inclusão é…

Mais que apenas aceitar, significa integrar, incorporar, envolver, enquadrar, abraçar. O preparo e o conhecimento da liderança escolar, do corpo docente e a adequação do espaço físico são iniciativas essenciais.

Analisemos o sentido de cada item com a ajuda dessas alegorias simples e triviais:

  • Integrar – O quadro de um artista leva variadas cores, traços diferentes, iluminação estudada e bem inserida. Envolve horas de contemplação e estudo para que, quando pronto, inspire o admirador, transmitindo sensações e sentimentos inimagináveis. Essa coesão bem planejada, fez toda a diferença.
  • Incorporar – Um bolo é feito com diversos ingredientes. Cada ingrediente fica tão incorporado à massa que o sabor individual desaparece no conjunto, tornando o resultado um deleite ao paladar.
  • Envolver – Observando um formigueiro você nota que cada elemento tem uma parte a desempenhar. O todo depende do indivíduo. O mais fraco leva a carga mais leve; o mais forte, a mais pesada. O trabalho em equipe faz com que todos juntos atinjam a meta.
  • Enquadrar – A costureira, ao confeccionar uma roupa sob medida, prova-a algumas vezes no cliente a fim de corrigir possíveis falhas antes de entregar a peça pronta. Ela harmoniza a confecção conforme o tipo de corpo, adapta-a até que o produto se mostre totalmente adequado ao freguês.
  • Abraçar – A mãe que nota insegurança e medo no filho, mesmo que seja adulto, abraça-o carinhosamente na esperança de lhe transmitir conforto e confiança em si mesmo.

A mistura de todos esses ingredientes na rotina escolar são o segredo de uma inclusão de qualidade. Qual a importância da inclusão? Como educadores, o que podemos fazer para que a missão de transformar vidas também inclua esses alunos?


Nota: Artigo escrito e postado em Português

Author

Charlotte Lessa

Charlotte Fermum Lessa, natural de Bremen, Alemanha, é psicopedagoga clínica, com especialização no Programa de Enriquecimento Instrumental de Reuven Feuerstein, nos níveis Básico, 1 e 2. Atualmente ela reside no Brasil.

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