Vejo num professor bem-sucedido uma pessoa heroica, organizada, corajosa, perseverante, engraçada, forte, estudiosa e sensível. Ele pode ser de uma só vez: um pai, um contador, um mergulhador, um corredor de maratona, um palhaço, um halterofilista, um dramaturgo. Se existisse uma sala de aula homogênea, com alunos de potencial cognitivo, QI, backgrounds, gostos e família semelhantes, mesmo assim, o professor teria que ter todas estas qualidades.
As salas de aula são compostas de alunos dos mais diferentes backgrounds, de etnias diversas, de capacidades variadas, de inteligências múltiplas e de graus variados. Esse professor, então, tem que ser dotado do mais alto nível de adaptabilidade, de uma personalidade extraordinária e de um senso de comprometimento inviolável!
Perfil psicológico e profissional
Em seu livro Educação Especial – Programa de Estimulação Precoce; Uma Introdução às Ideias de Feuerstein, Vitor da Fonseca (professor catedrático da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa, docente no Departamento de Educação Especial e Reabilitação, e mestre em Dificuldades de Aprendizagem pela Universidade de Northwestern, Evanston, Chicago, Estados Unidos da América), aborda com sabedoria o tipo do perfil adequado de um profissional da área da educação inclusiva. Fonseca, baseado nos estudos de Rappaport e McNary (1979), destaca as seguintes características da personalidade do professor do ensino especial:
– Auto-respeito
– Espontaneidade
– Sensibilidade
– Tolerância frustracional elevada
– Inteligência
– Estabilidade emocional
– Energia
– Responsabilidade
– Atitude positiva perante crianças deficientes
– Abertura
Fonseca ainda acrescenta algumas competências profissionais ao perfil sugerido pelos dois autores, já que considera esta lista mais como um modelo psicológico. Para ele o professor do ensino especial deveria demonstrar capacidades para:
– Avaliar as necessidades educacionais específicas das crianças;
– Planificar curricularmente as sequências de aprendizagem;
– Utilizar métodos pedagógicos reeducativos, reabilitativos ou compensatórios, bem como técnicas e materiais didáticos apropriados ao estilo de aprendizagem das crianças;
– Usar a informação contida nas avaliações de outros profissionais (médicos, psicólogos, terapeutas, assistentes sociais, consultores, especialistas, etc.);
– Desenvolver prescrições educacionais em termos de comportamento que satisfaçam as necessidades intra-individuais identificadas;
– Criar recursos pedagógicos, geri-los e administrá-los adequadamente;
– Realizar avaliações contínuas (pré-programas);
– Efetuar relatórios evolutivos e cumulativos;
– Recomendar mudanças apropriadas no fim, ou durante o programa, através de reavaliações periódicas;
– Abordar e integrar os pais e outros colegas no processo do progresso educacional das crianças
Diante destas duas perspectivas que se complementam, temos algumas reflexões a fazer:
- Estão nossos professores preparados (ou sendo preparados) para a educação inclusiva?
- Estão nossas escolas adaptadas, ou sendo adaptadas para fazer um trabalho com base no conhecimento científico que esta realidade demanda?
- Está nossa liderança submergida até o pescoço nas águas da Educação Inclusiva?
- Se Cristo fosse o Diretor do Departamento de Educação Adventista, ou o Diretor de uma de nossas escolas, ou um professor de uma classe, como Ele responderia a estas perguntas?
Nota: Fonseca, Vitor da. Educação Especial – Programa de Estimulação Precoce; Uma Introdução às Ideias de Feuerstein (páginas 230 e 231)
Nota: Artigo escrito e postado em Português