Eu não sei se você sempre sonhou em ensinar numa sala de aula, mas esse, definitivamente, nunca foi meu sonho. Venho de uma família de educadores e confesso que a docência, principalmente na Educação Básica, não estava nos meus planos, porém, sem dúvidas, estava nos planos de Deus.
Sou enfermeira por profissão e descobri ser professora por vocação. Não que eu seja melhor ou mais qualificada, longe disso. Mas, por amar e me encontrar na bagunça peculiar às turmas do Ensino Fundamental II (11-14 anos), por ter olhos atentos e curiosos olhando para mim. Por conseguir alcançar o coração de um adolescente, mesmo com as sensações de frustração e impotência, inerentes à profissão.
Quando me vi numa sala de aula, ministrando a disciplina de Ensino Religioso, me questionei: “que tipo de professora quero ser?” A resposta, veio muito, mas muito rápida. Quero ser como o meu professor de Ensino Religioso no Ensino Médio. Curiosamente, a mesma disciplina que leciono.
Sempre soube que o saudoso e querido pastor e professor Berndt Dietrich Wolter, marcou minha história de forma única e definitiva. Contudo, só tive dimensão do tamanho da sua influência na minha vida quando me vi no lugar dele.
Ele tinha o dom de enxergar seus alunos como seres humanos, com necessidades e talentos especiais. Muito mais que um transmissor de conteúdo, ele era alguém que inspirava e ensinava pelo exemplo.
Enxergava nos alunos qualidades que ainda não conseguíamos ver. Delegava funções que não nos achávamos aptos a fazer. Confiava em adolescentes para desenvolver projetos e missões que, talvez, nenhum outro confiaria. Sempre ofertava com suporte e ferramentas para trabalhar. Ele nos deixava trilhar nossa própria trajetória, seguros de que ele estaria por perto para nos socorrer.
Com o professor Wolter, aprendi na prática que religião e cristianismo só fazem sentido se forem compartilhados. Que amor ao próximo só é possível quando saímos para trabalhar em prol do outro e que Deus usa pessoas simples, como meus colegas e eu, para grandes missões.
Eu não tive oportunidade de dizer a ele tudo o que me ensinou. Até porque, nem eu sabia a proporção do aprendizado e como seus ensinamentos e exemplos impactariam minha vida. Aguardo o reencontro no céu para contar como me tornei professora e como ele foi minha principal referência na docência. Quero apresentar-lhe meus alunos e dizer que eles também são frutos do seu ministério. Quero que ele saiba o quanto transformou minha vida espiritual e o quanto me fez amar ser missionária, independente do lugar que eu estiver.
Talvez, você também tenha tido alguém como ele durante a vida acadêmica. Por isso, quero propor uma reflexão:
Que tipo de professores somos? Temos feito diferença na vida dos nossos alunos? Seremos lembrados como docentes que foram além ou que se limitaram a transmitir conteúdo? Será que mesmo depois de nossa morte, nossos ensinamentos serão eternizados por nossos alunos?
O professor Wolter foi meu professor há 21 anos e há cerca de sete anos descansa no Senhor. Entretanto, seu legado perdurará enquanto alunos como eu estiverem ensinando o que aprenderam com ele. E se, como ele, inspirarmos nossos alunos, os ensinamentos serão perpetuados até a volta de Jesus.