A palavra oral e escrita

Na filosofia adventista, a Bíblia é uma fonte de conhecimento que envolveu oralidade e escrita, por isso ela está integrada ao nosso currículo.

South American April 23, 2022

Vivemos num mundo letrado, rodeado de escritas, marcas e símbolos. Em todos os lugares, para onde olhamos vemos registros possíveis de serem compreendidos e cheios de significados. Mesmo antes de ir à escola, as crianças convivem com informações e representações gráficas, símbolos, rótulos, cartazes, revistas, placas e imagens.

A apropriação do sistema de escrita se dá a partir do convívio social, dos significados que essas marcas possuem e do mediador que, de certa maneira, contribui para que o sujeito construa e elabore suas concepções acerca da escrita. Na filosofia adventista, a Bíblia é uma fonte de conhecimento que envolveu oralidade e escrita, por isso ela está integrada ao nosso currículo.

Para o povo hebreu, a Bíblia era a fonte principal da história. Ela apresenta valores religiosos, morais, jurídicos e filosóficos. Para o povo hebreu a história e Deus se integravam numa só visão. As crianças hebraicas tinham como seus primeiros professores, os pais, onde o ensino era integral e prático. A linguagem era passada para as gerações através do ensino oral e posteriormente o escrito através do Pentateuco.

Podemos em nossa prática docente privilegiar a linguagem (ação: falar e agir) como uma das formas de restaurar a imagem de Deus em nossos educandos através de práticas em nossa rotina:

  • Oração: Ao orar, o professor demonstra uma certa estrutura de oração. Incentive os alunos a orarem como se conversa com um Amigo.
  • Bíblia: Parece ser uma rotina na nossa escola, mas é preciso abrir a Bíblia para receber o AUTOR junto com a mensagem. Prepare-se para esse momento, prepare os alunos para ouvir e ler a Palavra de Deus. Use Bíblias ilustradas, em outras línguas, valorize este livro.
  • Música: Exponha a letra da música para que os alunos acompanhem. Em alguns momentos, solicite que fechem os olhos e escutem a música, os sons, a letra…
  • Escrita do nome e seu significado: O nome é uma palavra estável, pode ser trabalhada com inúmeras técnicas. Comece com o significado do nome de cada aluno.
  • Contação de histórias: A maioria de nós gostamos de ouvir histórias. Conte histórias utilizando técnicas de voz, pausas, suspensa, ou não contando o final … Incentive o aluno a contar alguma história (marque com antecedência)
  • Hora da leitura: Crie dentro da rotina um momento de leitura, num ambiente prazeroso. Alterne a atividade com momentos apenas para ler para os alunos variando os gêneros. Em outros momentos, os alunos poderão acompanhar a leitura.
  • Escrita dirigida e espontânea: Separe alguns momentos com atividades de escrita e/ou desenhos com direção. Exemplo: personagens da história ouvida, ou criar um outro final para a história. As atividades deverão ter o nome do aluno.
  • Consciência fonológica: Crianças no início do processo de alfabetização necessitam de conhecimento sobre o nosso sistema alfabético. A consciência fonológica é um excelente recurso para aproximar grafema e fonema. Deixe exposto o alfabeto em letra bastão maiúscula para crianças menores;
  • Espaço da leitura: Crie um ambiente que incentive o acesso aos materiais produzidos. Solicite a algum aluno que conte sobre o livro lido aos colegas.
  • Brincadeiras: Na função simbólica, as brincadeiras contribuem para que as crianças vivenciem situações. Promova essas atividades com microfone e gravador, roupas diferentes, desenhos, gestos…
  • Registros: Nossa língua materna precisa de tempo para ser absorvida. Incentive a leitura, a escrita espontânea, registros significativos com convites e listas de palavras.
  • Jogos de leitura: Você poderá brincar com rimas, parlendas, trava-língua, adivinhas e outros jogos
  • Projetos: Utilizamos projetos com mascotes, caderno dos elogios, cadernos de oração, caderno de pesquisa, para incentivar a escrita entre os alunos. A cada dia um aluno leva para casa uma sacola com um caderno enfeitado e no outro dia ele lê para os colegas.

“A Bíblia deve ocupar o lugar do mais alto livro educativo” (Pedagogia Adventista – página 40).

Referências:

CAGLIARI, Luis Carlos. Alfabetização e linguística. São Paulo: Scipione, 1993.

CAGLIARI, Luis Carlos. Alfabetizando sem o Ba Be Bi Bo Bu. São Paulo: Scipione, 1999.

CAGLIARI, Luis Carlos. Diante das letras: a escrita na alfabetização Gladis Massini Cagliari, Campinas, SP: Mercado das Letras, 1999.

GERALDI, João Wanderley. O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2006. Cascavel: Assoeste, 1987. p.41-49.

Pedagogia Adventista – Tatui – SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004.

Author

Elen Garcia Liedke

Elen é mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) - Campus Campinas, Brasil. Atualmente é professora do curso de Pedagogia no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) - Campus Hortolândia, Brasil. É colaboradora da Rede Adventista há mais de 30 anos. É autora de dois livros para público infantil publicados pela Casa Publicadora Brasileira ("Coleção Interagir e Crescer" e "Quero Descobrir").

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