Na experiência que obtive ao longo dos anos em sala de aula e no contato com uma diversidade de alunos de diferentes classes sociais, todos apresentam algo em comum: interesse profundo sobre alguma área específica do conhecimento. Alguns com mais aptidão para as línguas, outros com interesse e fluência sobre a natureza e os animais, outros ainda com habilidades artísticas extraordinárias e uma criatividade surpreendente. Outros tantos com uma capacidade incrível de abstrair conceitos e de raciocínio lógico.
Essas observações me levaram a pesquisar e conhecer mais sobre as inteligências múltiplas, conceito e teoria criados por Howard Gardner, psicólogo formado na Universidade de Harvard, nos anos 1980. Gardner definiu inteligência como “a habilidade de resolver problemas ou de elaborar produtos que são valorizados em um ou mais ambientes culturais ou de comunidade (…) Gardner não nega que a genética faz parte da inteligência, mas ele inclui também influências culturais e de família no desenvolvimento intelectual da criança.” (Oliver, 1999)
Enquanto os testes de Q.I. de Alfred Binet mediam as capacidades linguísticas e de raciocínio lógico-matemático, Gardner percebeu que a inteligência humana ia ‘muito além disto’. A pergunta fundamental passou de ‘O QUANTO você é inteligente?’ para ‘COMO você é inteligente?’
Tendo em vista o pensamento de Gardner ao considerar o ser humano em sua pluralidade de capacidades e potenciais conhecimentos, não posso deixar de refletir a respeito da filosofia da Educação Adventista, que da mesma maneira, enxerga o ser humano de forma holística, em suas dimensões intelectuais, físicas, sociais e espirituais, levando o aluno para “muito além do ensino”, além do universo acadêmico, com o genuíno objetivo de restaurar no caráter do ser humano a gloriosa imagem do nosso Criador.
Na perspectiva da cosmovisão cristã, adotada pela filosofia da Educação Adventista, o conhecimento é definido como “algo mais amplo do que aquilo que é meramente intelectual ou científico. O verdadeiro conhecimento compreende elementos cognitivos, experimentais, emocionais, relacionais, intuitivos e espirituais. A aquisição do verdadeiro conhecimento leva à compreensão que é manifestada em sabedoria.” (Declaração da Filosofia Educacional Adventista do Sétimo Dia -2003)
Sou uma entusiasta da Educação Adventista, que conheci antes como mãe, e depois tive a honra e o privilégio de ingressar como professora. Deus planejou e nos ampara com a Educação Adventista para dar o suporte necessário às nossas crianças e famílias, preparando-as não apenas para o universo acadêmico, mas para o universo celestial porvir.
A sala de aula é um lugar especial onde vemos mentes em desenvolvimento e expandindo; brilhando com ideias e pensamentos críticos; raciocinando e refletindo a respeito de tudo que é conversado e compartilhado entre professor, alunos e também famílias. Nossas crianças vêm com uma bagagem cheia de questionamentos e sede do saber. Cabe a nós, professores, direcionar os saberes e saciar essa sede tão natural nas crianças.
