A construção do leitor só se dá na atividade encantadora de ler. O caráter múltiplo e dinâmico do texto literário determina o encaminhamento, a construção do multirreferencial e multidimensional da relação leitor e texto. A palavra sugere a situação, o leitor se torna sujeito da leitura produzindo as cores, o brilho, o movimento.
“As palavras não têm olhos e, no entanto, nos fazem ver” (JOHN-STEINER,1977), chegando o leitor a essa evidência o texto toma significado, permite um exercício cognitivo, pois “os esquemas do texto apelam para o conhecimento existente no leitor, quando oferecem informações específicas através das quais o objeto intencionado – mas não dado- pode ser representado” (ISER, 1977,p.109). São várias as instâncias de sistematização da literatura mencionadas por Magda Soares (1999), a começar pela biblioteca, espaço que determina rituais de leitura, como se deve ler, o que ler e em quanto tempo ler.
A leitura e construção do texto literário tem na sala de aula o espaço privilegiado, no qual estratégias assertivas descortinarão novos caminhos para o desenvolvimento da habilidade e competência. A habilidade de leitura é entendida como linguagem e como meio de fundação do sujeito-humano. Para Jorge Larrosa, “ler é abrir-se para o afeto, para o desencontro, para a tristeza, para o medo, para o luto. Ler é encorajar-se diante das contingências da existência, é apropriar-se das incertezas do amanhã”. (LARROSA, 2000, p. 140)
Segundo Harvey e Gouvis 104 (2008), quando se lê, os pensamentos preenchem a mente, fazemos conexões com o que já se conhece ou, ainda, inferir-se o que vai acontecer na história. São as conversas interiores com o texto que está sendo lido e o que passa pela mente, nesse instante que atribui sentido. Assim, tornar visível o invisível, ou seja, fazer com que os alunos percebam inferências quando leem é função do professor, que tem o privilégio de permitir sonhar.
BAKHTIN, M. A Estética da Criação Verbal. SP: Ed. Martins Fontes, 1992.
ECO, Umberto. Sobre a literatura: a poética e nós. Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Record, 2003.
HARVEY, Stephanie; GOUVIS, Anne. Strategies that work: teaching comprehension for understanding and engagement. USA: IRA, 2008.
ISER, W. Mímesis e performance. In: O fictício e o imaginário: perspectivas de uma antropologia literária. RJ: Ed.UERJ, 1996, p.341-363.
O Ato de Leitura. RJ: Ed. UERJ, vol 1, 1994.
LARROSA, B.J. Revista Brasileira de Educação, Jan/Fev/Mar/Abr 2002 n. 19 (Jorge Larrosa Bondía, Universidade de Barcelona, Espanha, Tradução de João Wanderley Geraldi, Universidade Estadual de Campinas, Departamento de Lingüística)
LARROSA, J. Pedagogia profana. Belo Horizonte: Autêntica. 2000.
QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. Sobre ler, escrever e outro diálogos. Belo Horizonte: Autêntica, 2012
STEINER, J. Refúgios psíquicos: Organizações patológicas em pacientes psicóticos, neuróticos e fronteiriços (R. Quintana & M. L Sette, Trad.). Rio de Janeiro: Imago. 1997.
SOARES Magda, Letramento:Um tema em três gêneros/ Magda Soares, Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
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A leitura é uma jornada encantadora que molda nossa compreensão e visão de mundo, tornando o leitor um participante ativo na construção de significados.
Obrigada pela reflexão!