A construção do leitor

Best Practices September 28, 2023

A construção do leitor só se dá na atividade encantadora de ler. O caráter múltiplo e dinâmico do texto literário determina o encaminhamento, a construção do multirreferencial e multidimensional da relação leitor e texto. A palavra sugere a situação, o leitor se torna sujeito da leitura produzindo as cores, o brilho, o movimento. 

“As palavras não têm olhos e, no entanto, nos fazem ver” (JOHN-STEINER,1977), chegando o leitor a essa evidência o texto toma significado, permite um exercício cognitivo, pois “os esquemas do texto apelam para o conhecimento existente no leitor, quando oferecem informações específicas através das quais o objeto intencionado – mas não dado- pode ser representado” (ISER, 1977,p.109). São várias as instâncias de sistematização da literatura mencionadas por Magda Soares (1999), a começar pela biblioteca, espaço que determina rituais de leitura, como se deve ler, o que ler e em quanto tempo ler. 

A leitura e construção do texto literário tem na sala de aula o espaço privilegiado, no qual estratégias assertivas descortinarão novos caminhos para o desenvolvimento da habilidade e competência. A habilidade de leitura é entendida como linguagem e como meio de fundação do sujeito-humano. Para Jorge Larrosa, “ler é abrir-se para o afeto, para o desencontro, para a tristeza, para o medo, para o luto. Ler é encorajar-se diante das contingências da existência, é apropriar-se das incertezas do amanhã”. (LARROSA, 2000, p. 140)

Segundo Harvey e Gouvis 104 (2008), quando se lê, os pensamentos preenchem a mente, fazemos conexões com o que já se conhece ou, ainda, inferir-se o que vai acontecer na história. São as conversas interiores com o texto que está sendo lido e o que passa pela mente, nesse instante que atribui sentido. Assim, tornar visível o invisível, ou seja, fazer com que os alunos percebam inferências quando leem é função do professor, que tem o privilégio de permitir sonhar.

BAKHTIN, M. A Estética da Criação Verbal. SP: Ed. Martins Fontes, 1992.

ECO, Umberto. Sobre a literatura: a poética e nós. Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Record, 2003.

HARVEY, Stephanie; GOUVIS, Anne. Strategies that work: teaching comprehension for understanding and engagement. USA: IRA, 2008.

ISER, W. Mímesis e performance. In: O fictício e o imaginário: perspectivas de uma antropologia literária. RJ: Ed.UERJ, 1996, p.341-363.

               O Ato de Leitura. RJ: Ed. UERJ, vol 1, 1994.

LARROSA, B.J. Revista Brasileira de Educação, Jan/Fev/Mar/Abr 2002 n. 19 (Jorge Larrosa Bondía, Universidade de Barcelona, Espanha, Tradução de João Wanderley Geraldi, Universidade Estadual de Campinas, Departamento de Lingüística)

LARROSA, J. Pedagogia profana. Belo Horizonte: Autêntica. 2000.

QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. Sobre ler, escrever e outro diálogos. Belo Horizonte: Autêntica, 2012

STEINER, J. Refúgios psíquicos: Organizações patológicas em pacientes psicóticos, neuróticos e fronteiriços (R. Quintana & M. L Sette, Trad.). Rio de Janeiro: Imago. 1997.

SOARES Magda, Letramento:Um tema em três gêneros/ Magda Soares, Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

Author

Elisabete de Carvalho Xavier

Graduada em Letras pela Universidade de Londrina, Brasil. Mestre em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Doutorado em Leitura pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp).

    1 comments

  • | October 1, 2023 at 9:50 am

    A leitura é uma jornada encantadora que molda nossa compreensão e visão de mundo, tornando o leitor um participante ativo na construção de significados.
    Obrigada pela reflexão!

Leave a Comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *