A prática pedagógica é construída junto com professores, coordenadoras, familiares e profissionais especializados. Mesmo sendo desafiador para o professor atender todas as necessidades existentes na sala de aula. Um dos projetos importantes a ser desenvolvido no âmbito escolar éum queabordeo preconceito racial. Isso porque é preciso proporcionar um pensamento crítico sobre as práticas pedagógicas voltadas para as relações raciais no âmbito escolar. Para isso é preciso:
- Entender como é a vida de uma criança que pode ser vulnerável a algum preconceito racial em sua comunidadeou na própria escola(por exemplo, negros, indígenas, asiáticos…);
- Como os debates sobre as relações raciaispodemauxiliar crianças, família, escola e comunidade;
- Compreender o que é racismo;
- Conhecer quais são as políticas públicas do munícipio desenvolvidasna área;
- Analisar ações motivacionais no contexto das relações raciais;
- Discutir sobre o conceito de empatia e alteridade;
- Possibilitar ao aluno o reconhecimento e a valorização da diversidade, vivenciando situações diferentes de construir conhecimentos e conviver com novas formas de comunicação.
Fica evidente ao estudarcorrentes de pensamentoda história da escravatura no Brasil, que o racismo é uma crença na existência das raças naturalmente hierarquizadas pela relação intrínseca entre o físico e o moral, o físico e o intelecto, o físico e o cultural. Contemporaneamente, diferentes estudos provaram que, do ponto de vista genético, não há diferença de potencial entre pretos, pardos, brancos, indígenas… Porém, no cotidiano algumas pessoas ainda podem ser vítimas de preconceito racial.
A identidade racial é uma identidade grupal delineada a partir de traços fenotípicos. Oracy Nogueira (1954/2006) diferenciou dois tipos de preconceitos raciais: o preconceito de “marca” ou de “cor”, relacionado propriamente a características fenotípicas, e o preconceito de “origem” referente à ancestralidade, mesmo que remota, ainda que o sujeito não tenha sinais corpóreos negros, contudo, o preconceito de origem tem como hipótese que o sujeito tenha tido alguma ascendência fenotipicamente negra e que ela tenha sido transmitida pelo sangue, “mesmo que seja apenas uma única gota de sangue”, o que não tornaria o sujeito um negro no fenótipo, mas no sangue. Os grupos raciais são contrastados e excludentes.
Assim, como gestores, coordenadores, orientadores, educadores e psicólogos escolares precisamos criar uma rede de apoio em prol da conscientização e construção de identidades. Para levantar uma discussão e um debate consciente sobre o assunto é possível promover algumas atividades em sala de aula ao longo do ano, como:
- Criar espaços de escuta para que as crianças possam verberar o que pensam e o que sentem a respeito do racismo racial;
- Produzir materiais voltados para a cultura africana, indígena, asiática…;
- Assistir e produzir um curta metragem sobre o tema abordado;
- Gerar conteúdo informativo;
- Criar identidade visual;
- Pesquisas sobre líderes e ícones de uma dessas raças;
- Conhecer os diversos tipos de penteados e valorizar a beleza afro;
- Leituras direcionadas, contos, poesias, biografias…
- Discutir sobre racismo, empatia e alteridade;
- Convidar algum africano/indígena/asiáticos…ou descendente para contar como é sua cultura e os desafios que enfrenta;
- Fazer exposições desses trabalhos.
Esse trabalho pode ser desenvolvido ao longo do ano. Os resultados que se espera é a conscientização de que o outro não é inferior pela cor da sua pele ou pelo tamanho dos seus olhos, é apenas diferente.
No Brasil, comemoramos o Dia da Consciência Negra em 20 de novembro. Por isso, partimos de uma realidade brasileira, no entanto essa discussão rompe as fronteiras e pode ser trabalhada e adaptada às características de cada cultura.
Referências:
BENTO, Cida. O Pacto da Branquitude. SP: Companhia das Letras, 2019.
Conselho Federal de Psicologia. Código de Ética do Psicólogo. Brasília: CFP, 2005.
Conselho Federal de Psicologia. Relações Raciais: Referências Técnicas para atuação de psicólogas/os. Brasília: CFP, 2017.
http://historia_demografica.tripod.com/bhds/trafico.htmacessoem 17/05/2023.
https://www.abphe.org.br/arquivos/claudio-heleno-machado.pdfacesso em 17/05/2023.
https://editorarealize.com.br/editora/anais/desfazendo-genero/2021/TRABALHO_COMPLETO_EV168_MD_SA_ID_17122021212904.pdfacessoem 17/05/2023.
http://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rpcsoc/article/view/9689/5629. acesso dia 17/05/2023.
https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/23-11-2021/rede-publica-de-juiz-de-fora-tem-sete-vezes-mais-negros-que-rede-privada.htmlacesso dia 17/05/2023.