A emoção e a aprendizagem

Learning December 7, 2023

Em nossas vivências, mesmo nas mais simples, produzimos reações que demonstram qual é nosso aspecto emocional no momento. Por exemplo, gostos e odores trazem sentimentos de prazer ou uma lembrança não agradável. Cores e formas também podem despertar a alegria ou sofrimento. Segundo o psicólogo Vigotski (2003), essas sensações estão relacionadas com o interesse do organismo em cada uma das reações e no foco que será dado. Em contrapartida, também pode se dizer que a emoção regula e orienta a reação, dependendo do estado do organismo.

Para os médicos Ramon Cosenza e Leonor Guerra (2011), tais emoções auxiliam no armazenamento e no processo de recuperação de nossas memórias. Para que o processo da memória ocorra, os órgãos dos sentidos enviam as informações importantes ao cérebro, por meio de conexões neuronais. Se este estímulo for de relevância emocional negativa ou positiva, ele mobiliza a atenção e atinge as regiões corticais onde as informações são identificadas. 

Daniel Goleman (2012), psicólogo e autor do Best-seller Inteligência Emocional, exemplifica as reações biológicas resultantes das emoções. Ele explica que em relação à felicidade, a atividade do centro cerebral é impulsionada, inibindo sentimentos negativos e favorecendo o aumento de energia, silenciando pensamentos de preocupação. Proporciona ao corpo relaxamento e ao mesmo tempo disposição para a realização de tarefas no cumprimento de metas.

Quando realizamos alguma atividade com alegria ou repulsão, temos como resultado reações que são decorrentes do sentimento. Se o fazemos com alegria, a tendência é que a ação seja reforçada a ser realizada com alegria. No entanto, se o sentimento é de repulsão, é provável que a propensão seja interromper a tarefa. Essa diversidade de reações emocionais se integra na reação dos órgãos do nosso corpo. De acordo com pesquisas, as reações emocionais influem em nossos processos orgânicos. (VIGOTSKI, 2003)

Cada emoção desempenha uma função específica dentro do processo de aprendizagem. A neuropsicopedagoga Aguilar (2021, p. 109) reforça que “o cérebro precisa se emocionar para aprender e memorizar.” Contudo, as emoções podem influenciar tanto positivamente, quanto negativamente no processo de ensino e aprendizagem. Portanto, a interação entre professor e aluno deve acontecer de forma a desenvolver emoções favoráveis ao aprendizado, melhorando a motivação e participação. (CONTRERAS-QUIROZ; ROMÁN-SOTO; DRUKER-IBÁNEZ; RODRÍGUEZ-BECERRA, 2021). 

Também concordam com este pensamento, os médicos Cosenza e Guerra (2011), ao registrar que as emoções podem ser prejudiciais à aprendizagem em caso de ansiedade e estresse prolongado. O psicólogo Feuerstein ressalta que para aprender é preciso sentir alegria e no momento em que se aprende também se sente este sentimento. É muito difícil ensinar alguém que está de mau humor.

Por fim, a escritora Ellen White (2008, p. 134) aponta as necessidades de um professor cristão, em relação às emoções: precisamos regozijar sempre no Senhor e não permitir que a tristeza, ira e impaciência tomem conta de nossa sala de aula, pois isso “eliminará a simpatia dos alunos, e sem simpatia ele (professor) não pode esperar beneficiá-los (alunos)”.

AGUILAR, R. Neurociência aplicada à educação: caminhos para facilitar a aprendizagem na sala de aula (3ª ed.). São Paulo: Edicon, 2021

COSENZA, R., & Guerra, L.  Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011

CONTRERAS-QUIROZ, N., ROMÁN-SOTO, D., DRUKER-IBÁNEZ, S., & RODRÍGUEZ-BECERRA, J. (28 de Dezembro de 2021). Indices of Favourable and Unfavourable Emotions in the. Education Sciences. doi:https://doi.org/10.3390/educsci12010011

GOLEMAN, D.  Inteligência emocional (2ª ed.). Rio de Janeiro: Objetiva, 2012

FEUERSTEIN, R., & LEWIN-BENHAM, A. Como se dá a aprendizagem. (G. Summa, Trad.) Petrópolis: Vozes, 2021

VIGOTSKI, L. S.  Psicologia Pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2003

WHITE, E. G. Conselho aos pais, professores e estudantes. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2008

Author

Thania Suemi Tateishi Miyano

Possui graduação em Pedagogia pelo Centro Universitário Salesiano São Paulo (2004), especialização em Psicomotricidade pela Universidade Cândido Mendes - IAVM Faculdades Integradas (2008), especialização em Recursos Tecnológicos Aplicados à Educação pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (2015), especialização em Neuropsicopedagogia pela Faculdade Campos Elíseos (2017). Atualmente faz especialização em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem na Pontifícia Universidade Católica (2023) e iniciou o mestrado em Educação no Centro Universitário Adventista de São Paulo. Atua na educação adventista desde o ano de 2000 e atualmente é coordenadora da Rede Adventista na Associação Paulista do Vale, Brasil.

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