Formação de leitores a partir da alfabetização familiar

Learning December 14, 2023

Desde cedo, as crianças para as quais se lê frequentemente desenvolvem uma grande sensibilidade para a linguagem e para o conteúdo das histórias.

“O lar e a escola eram uma coisa só. Em vez de lábios estranhos, devia o coração amoroso dos pais e das mães instruir os filhos. Os pensamentos de Deus eram relacionados com todos os acontecimentos da vida diária no lar. As grandes obras de Deus no libertamento de Seu povo eram referidas com eloqüência e a mais profunda reverência. Gravavam-se no espírito juvenil as grandes verdades da providência de Deus e da vida futura, familiarizando-os assim com o verdadeiro, o bom e o belo.” (Ellen G. White)

Há uma queixa antiga entre os/as professores/as de que os pais não  acompanham a vida escolar das crianças e, portanto, não participam efetivamente do  processo de aprendizagem destas. Por outro lado, há também um discurso permanente  dos pais sobre a necessidade de seus filhos terem sucesso na escola, sobretudo no que diz  respeito à aprendizagem da leitura e da escrita. O que efetivamente pode ser feito para  que a escola e a família estejam juntas no processo de formação de leitores/as? 

Partindo do pressuposto de que intervenções familiares podem ser feitas para  que as crianças percebam a importância da educação em suas vidas e desenvolvam o  senso de valor pela leitura, com a mediação de pais ou pessoas próximas, com o objetivo  de favorecer o envolvimento das famílias no processo de alfabetização-letramento das  crianças. A partir da modificação de alguns fatores ambientais em casa, como a disponibilidade de materiais de leitura, a frequência de momentos de leitura em família,  bem como a compreensão da natureza das interações de alfabetização leitura entre pais e  filhos e das atitudes dos pais em relação aos seus papéis no processo de formação de  leitores.  

O desenvolvimento da alfabetização na criança está relacionado às práticas cotidianas (socioculturais) de participação em eventos de leitura e escrita. Nesta direção,  os estudos sobre letramento (SOARES, 1998) focalizam as dimensões sócio-históricas na  aquisição da língua escrita, mostrando que indivíduos não-alfabetizados, mas partícipes  das sociedades letradas (da cultura, dos modos de produção e dos valores sociais)  constroem concepções a respeito do sistema de escrita e identificam seus diferentes usos  e funções. Ou seja, dentro do contexto social e do contexto familiar da criança ocorrem  práticas e usos da escrita e da leitura, de forma natural e espontânea, das quais ela participa  direta ou indiretamente. 

O letramento decorre dessa participação, da vivência de situações em que o ler e o escrever possui uma funcionalidade, uma significação. Os atos cotidianos, corriqueiros, de ler um jornal, redigir um bilhete, ler um livro, fazer anotações,  ler a Bíblia, ou seja, usar textos escritos como fonte, seja de informação, seja de  entretenimento, contribuem para que as crianças percebam as diferentes formas de  apresentação do texto escrito, bem como para que identifiquem seus diferentes sentidos  e funções e o resgatando a (inter)relação entre pais e filhos/as como afirma a escrita  White, em seu livro Orientação da Criança, 2014 p.124. 

Conforme Spiegel (2001), os pais que têm relacionamentos de prazer com a  leitura, a probabilidade de que as crianças aprendam a apreciar a leitura também é bem  maior. Numerosos estudos têm mostrado que ao compartilhar um livro com as crianças  em fase de alfabetização inicial não apenas se cria uma atividade prazerosa, mas também  se organiza um importante momento de aprendizagem. “Com essa atividade, as crianças  aprendem que a linguagem dos livros tem suas próprias convenções, e que as palavras  podem criar mundos imaginários para além do aqui e agora” (TEBEROSKY,  COLORMER, 2003, p. 20). 

A leitura de histórias é importante também para o desenvolvimento do vocabulário e para a compreensão de conceitos, além de facilitar o conhecimento da função da escrita e motivar para aprender a ler e escrever, o que para nós é um dos  aspectos mais importantes. Desde cedo, as crianças para as quais se lê frequentemente desenvolvem uma grande sensibilidade para a linguagem e para o conteúdo das histórias.

REFERÊNCIAS 

SPIEGEL, Dixie Lee. Um retrato dos pais de leitores bem-sucedidos. In: CRAMES,  Eugene, H., CASTLE, Marrietta (orgs.). Incentivando o amor pela leitura. Porto Alegre: ArtMed, 2001. 

SOARES, M. B. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte, Autêntica, 1998. 

TEBEROSKY, Ana; COLOMER, Teresa. As primeiras experiências das crianças com a linguagem escrita. IN: Aprender a ler e a escrever: uma proposta construtivista. Porto Alegre: ArtMed, 2003, p.15-38. 

WHITE, Ellen Gold, Orientação da Criança. Conselhos aos pais Adventistas do Sétimo Dia. Tatuí-São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2014.

Authors

Adriana Silva Lopes Matias

Licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú. Atualmente é Mestranda em Letras pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e participante dos grupos de pesquisa. Serviu na Região do Sul e Sudeste do Pará como Coordenadora Pedagógicas e Orientadora Educacional na Associação Sul do Pará e atualmente exerce a mesma função técnica na Missão Nordeste Maranhense, Brasil. Possui oito anos de experiência na Orientação Pedagógica e Educacional. Possui experiência na área de Coordenação Escolar, regência de aula na Educação Básica na Associação Maranhense. Serviu também a Rede Educacional Adventista como Gestora escolar na Região Norte do Brasil, nas unidades escolares: Escola Adventista de Bacabal, Colégio Adventista de Tucumã e Colégio Adventista de Marabá.

Elaine Wagner Cavalcante

Coordenadora de Campo da Associação Sul Maranhense, formada em Licenciatura Plena em Letras, pela Universidade Estadual do Mato Grosso, UNEMAT. Possui sete anos na sua área de atuação, trabalhando no Colégio Adventista de Cáceres, onde desempenhou o cargo de Orientadora Educacional, e no Colégio Adventista Centro América, atuando como Coordenadora Pedagógica. Uma profissional capacitada e dedicada.

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