Fazer parte da trajetória de alfabetização como um professor é algo fantástico, mas também uma missão que demanda responsabilidade e compromisso. Lopes (2021, p.121) diz que o ensino da leitura, ao contrário do que parece, é muito importante, pois ele é fundacional e instrumental a muitas aquisições posteriores. Sendo assim, é imprescindível que os professores dos anos iniciais do ensino fundamental busquem métodos para fundamentar suas práticas pedagógicas a fim de alcançar o maior número de alunos e que traga uma experiência digna para cada discente.
Bem sabemos que a ciência não produz métodos, mas desenvolve parâmetros de pesquisa para que, a partir desses estudos, sejam formadas metodologias capazes de suprir necessidades, sendo o foco dessa pesquisa em questão, métodos para o melhor desenvolvimento do ensino da leitura e escrita dentro do processo da alfabetização. Muitos dos argumentos e “táticas” ensinadas nas escolas como, por exemplo, as repetidas decorações de conteúdos, já não são mais bem vistas pelos alfabetizadores atuais. Como menciona Brandão (2008, p. 21): “Métodos de alfabetização tem um material pronto: cartazes, cartilhas, cadernos de exercícios. Quanto mais o alfabetizador acredita que aprender é enfiar o saber-de-quem-sabe no suposto vazio-de-quem- não-sabe, tanto mais tudo é feito de longe e chega pronto, previsto.”
Isso ocorre pelo fato que mais e mais estudos científicos revelam que o cérebro em desenvolvimento aprende de maneira qualitativa, através de sua interação com o meio e da participação ativa do aluno em seu conhecimento. Para que se alcance tal finalidade, a aprendizagem necessita, entre tantas questões, fazer sentido ao aluno, estando entre seu meio de vivência e suas práticas diárias.
Partindo desse ponto, podemos acrescentar a motivação como uma das características importantes que deve ser desenvolvida por docentes e discentes. “Da mesma forma que sem fome não aprendemos a comer e sem sede não aprendemos a beber água, sem motivação não conseguimos aprender”, afirma Izquierdo (2012).
Quando entramos no tópico ensino e aprendizagem da leitura e escrita, sabe- se que, diferentemente da fala, que é parte do plano de desenvolvimento cognitivo do ser humano, a leitura e a escrita não fazem parte da programação do nosso cérebro, ou seja, ler e escrever é um ato que precisa ser ensinado de maneira explícita. Assim, é necessário buscar meios pelos quais a aprendizagem se faça real e presente dentro de sala de aula.
Segundo Oliveira (1993), aprendizagem é “o processo pelo qual o sujeito adquire informações, habilidades, atitudes, valores e etc. a partir do seu contato com a realidade, o meio ambiente e as outras pessoas”. Sendo assim, percebemos que se faz necessário uma busca interessada para descobrir os métodos que auxiliam e transformam o processo de alfabetização em uma caminhada tranquila e bem-sucedida, métodos comprovados e estudados cientificamente.
*Este é o segundo artigo da série de cinco artigos Alfabetização baseada na Ciência. Os artigos serão publicados todas as quintas-feiras do mês de novembro de 2023. Ler o primeiro artigo da série.
BRANDÃO, C. R. O que é Método Paulo Freire. São Paulo: Brasiliense, 2008. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
IZQUIERDO, I. Neurociência: como ela ajuda a entender a aprendizagem. Revista Memória em Rede, ed. 253, jun./jul. 2012. [Título original: Toda a atenção para a neurociência]. Disponível em: www.novaescola.com.br. Acesso em: 05 set. 2022.
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. São Paulo: Scipione, 1993.