Práticas específicas para sala de aula para leitura e escrita

South American November 30, 2023

Sabemos que existem vários desafios na profissão do alfabetizador e alguns problemas, como a dislexia, podem demandar meios mais específicos de ensino. Embora investir em uma formação continuada seja um passo grandioso para uma caminhada de sucesso na carreira do professor, aprimorar seus conceitos, rever suas táticas e avaliar seus métodos durante a jornada é indispensável. 

Tarefas muito complicadas podem trazer desgastes aos alunos, sem que os mesmos tenham empolgação para resolvê-las. Investir em planejamentos motivacionais ativam áreas do cérebro que estimulam o bem-estar, gerando entusiasmo e aprendizado qualitativo. 

Um dos principais agentes extrínsecos da motivação é, sem dúvidas, o ambiente escolar, que além de acolhedor, precisa transmitir o desejo pelo saber. É de suma importância que ao construir esse ambiente a disposição de cartazes, decorações didáticas, livros, trabalhos, entre outros, seja presente, sendo todos esses documentos feitos pelas mãos dos alunos, para que os mesmos se sintam pertencentes ao ambiente e se percebam construtores de seu aprendizado. Assim, podemos concluir que o primeiro passo para alcançar a aprendizagem é o preparo adequado do alfabetizador.

Existem três pilares fundamentais para a aprendizagem da alfabetização que são a fala, a leitura e a escrita. As bases neurais cognitivas do nosso cérebro possuem capacidade de desenvolver a fala através dos sons recebidos pelo nosso meio. Desde o ventre da mãe o bebê capta sons através de ondas sonoras, o som da voz da mãe já é percebido depois de alguns meses do seu desenvolvimento cerebral. A partir de um ano de idade, as crianças já começam a balbuciar algumas palavras e sucessivamente desenvolvendo mais o domínio da fala e aprimorando conceitos como feminino, masculino e plural.

Como já mencionamos, diferentemente da fala, a leitura e a escrita precisam ser ensinadas, e para que isso ocorra de maneira adequada, mediador e receptor precisam estar conectados, ou seja, professor e aluno devem caminhar juntos. É a partir da fala que o ser humano começa a associar os sons individuais de cada grafema. 

Com o desenvolvimento evolutivo da fala, os sons começam a ficar mais específicos e o indivíduo começa então a distinguir mais e mais os sons das letras separadamente, esse fenômeno é chamado de consciência fonológica. Colaboradoras da Clínica de psicologia e terapia da fala ITAD, Dr. Íris Fernandes e Dr. Sônia Rosado, afirmam que a “consciência fonológica é uma capacidade metalinguística, que se refere à consciência de que a linguagem falada pode ser dividida em várias unidades, ou seja, a frase pode ser dividida em palavras, as palavras em sílabas e as sílabas em fonemas. A criança será ainda capaz de identificar que essas mesmas unidades se podem repetir em diferentes palavras.” (FERNANDES; ROSADO, s.d., s.p.)

Com essa competência desenvolvida a criança pode então ingressar para a aprendizagem da leitura e escrita, e é a partir deste momento que os grafemas são interligados aos fonemas e a consciência fonológica começa a ser desenvolvida.

Intimamente relacionado ao conceito de consciência fonológica, Lopes (2021, p.119) julga como uma prática necessária a apresentação do código alfabético de forma extensiva, partindo de letras mais regulares como “i” e “p”, que se leem da mesma forma em todas as palavras, seguindo para o restante do alfabeto. O autor ainda acrescenta que independente da ordem, apresentar de forma sistemática o código é fundamental para o aprendizado do aluno. Face a estas colocações, entendemos que a exposição das letras do alfabeto de forma sistêmica e de unidades menores para as maiores, traz consigo um melhor resultado durante a aprendizagem das correspondências grafo-fonêmicas.

Com essa série buscou-se apresentar a relevância no preparo do alfabetizador, realizando seu planejamento escolar com base nos estudos científicos. Por fim, destacamos a grande importância de promover a formação continuada dos professores, a fim de aprimorar seus conceitos, estratégias e métodos para que a educação adventista permaneça crescendo e desenvolvendo bons leitores e cidadãos.

*Este é o QUINTO e último artigo da série de cinco artigos Alfabetização baseada na Ciência. Os artigos foram publicados todas às quintas-feiras do mês de novembro de 2023.

FERNANDES, I.; ROSADO, S. Consciência fonológica: O que é a consciência fonológica?. Lisboa. Disponível em http://www.itad.pt/problemasescolares/consciencia-fonologica/. Acesso em: 28, ago. 2022.

Authors

Emily Marini

Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo, Brasil.

Fabiana Schonardie

Graduada em Pedagogia no Centro Universitário Adventista de São Paulo, Brasil.

Giza Sales

Doutora em Educação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Docente do Centro Universitário Adventista de São Paulo, Brasil.

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