Liderança servidora e compartilhada

Organizações saudáveis reconhecem que cada líder tem poder e deve fazer escolhas continuamente em relação ao uso desse poder. Nessas organizações o líder compartilha o poder que tem com os outros para que outros possam liderar, aumentando assim a influência e o impacto, potenciais de toda a organização. Assim, neste último artigo da série Liderança Servidora vamos falar sobre a importância da liderança compartilhada.

Líderes servidores entendem que um paradoxo interessante é que somos mais poderosos quando cedemos o poder. Poder partilhado dentro de um ambiente organizacional saudável permite um crescimento exponencial da capacidade de agir. A organização saudável está na melhor posição para alavancar seus recursos, suas estratégias e seus sonhos.

O desafio de compartilhar liderança passa por três caminhos e se constituem em um enorme obstáculo para aqueles que trabalham sob a égide do modelo tradicional de liderança:

1. Compartilhar a visão: Organizações saudáveis sabem que a visão de uma organização não pertence a um único líder. Uma visão clara do futuro, compartilhada com todo o grupo, torna-se um magneto potente reunindo todos os recursos, capacidades e habilidades de toda a equipe. A visão vem para os líderes que veem, e a visão compartilhada acontece quando a visão coletiva se alinha em direção a um futuro convincente e baseado em comum acordo.
2. Compartilhar o poder: Poder tem sido descrito como a capacidade de fazer, de agir. Em termos organizacionais representa a habilidade de tomar decisões importantes, alocar recursos, fazer avançar pessoas e projetos para que as coisas aconteçam. Liderança compartilhada empodera todas as pessoas a agir, para o bem do grupo e da missão da organização.
3. Compartilhar o status: Liderança não é posição, status ou prestígio. Líderes de organizações saudáveis resistem à forte tendência de aceitar os benefícios e privilégios especiais da posição de liderança. Eles sabem que todas as pessoas da organização precisam de afirmação e reconhecimento devido ao seu valor inerente e pelo que contribuem para o sucesso do todo.

A liderança exemplar não significa aventurar-se sozinho na busca de uma revelação especial e depois sair anunciando sua visão, provando que é um líder orientado para o futuro. As pessoas querem sentir-se parte do processo e ver-se na paisagem do futuro que o líder está pintando. Líderes servidores renunciam a ideia de que a visão vem de cima para baixo, ou seja, devem parar de considerar o processo um monólogo e devem começar a envolver os outros em um diálogo coletivo sobre o futuro. Para Kouzes e Posner (2007, p. 191), “os melhores líderes entendem que sua tarefa-chave é inspirar uma visão compartilhada, não vender sua visão idiossincrática de mundo”.

Segundo Laub (2017), compartilhar liderança está entre os maiores desafios das organizações mundiais, em razão do paradigma vigente da maioria das organizações centrado em burocracia e hierarquização, além de uma estilo de liderança focado em poder e controle.

Depois de ter uma visão arrebatadora, a característica essencial de um grande líder é a sua habilidade de mobilizar as pessoas em torno de uma visão compartilhada. Na ausência de uma visão compartilhada as organizações podem se tornar burocracias que servem a si próprias onde os líderes concentram suas energias em obter reconhecimento, poder e status, em vez de estarem voltados para os objetivos e propósitos maiores da organização. O líder após ter esclarecido e compartilhado a visão poderá concentrar-se em servir e ser sensível as necessidades das pessoas, compreendendo que o papel da liderança é remover barreiras e ajudar as pessoas a alcançar a visão. Os maiores líderes mobilizam os outros ao unir as pessoas em torno de uma visão compartilhada.

Blanchard e Randolph (2007) dizem que embora a maioria das pessoas estejam acostumados a trabalhar sob a supervisão e o controle extremos e expostas a um modo de pensar voltado para o comando e o controle, o empoderamento, processo de liberar o poder que existe nas pessoas, é a chave para a criação de um ambiente organizacional que libera o conhecimento, a experiência e a motivação inerentes às pessoas.

*Este artigo é o último e oitavo de uma série sobre Liderança Servidora. Leia os demais artigos da série:

1. Liderança Alinhada com os Ensinos de Cristo
2. Pilares da liderança servidora
3. Valorização das pessoas
4. Desenvolvimento das pessoas
5. Construção de comunidade
6. Liderança servidora e a demonstração de autenticidade
7. Liderança Servidora e a provisão

Author

Antonio Marcos Alves

Alves holds degrees in accounting and pedagogy, as well as business administration and marketing. He obtained his master’s and doctorate in leadership from Andrews University, USA. Alves has been working in Adventist education since 1993 and is currently the director of Adventist education for the South American Division.